Rob Schwarzwalder
Um dos conceitos centrais da esquerda é que, por meio de educação, dietas, terapia e direção orientada pelo Estado, entre outras coisas, o homem pode emergir em uma forma bastante aprimorada, se não inteiramente nova.
O teórico comunista Leon Trotsky, em seu livro hilariantemente pretensioso, porém influente, chamado “Literatura e Revolução”, ele argumenta que as condições políticas e econômicas, combinadas à pura força de vontade de uma pessoa, poderiam mudar tudo a respeito dela e de sua vida “monótona” na terra. Trotsky previu que na era prenunciada pelo comunismo global, “O homem, enfim, começará seriamente a harmonizar seu próprio ser... A espécie humana, congelada no homo sapiens, irá se transformar de forma radical, e se tornará, sob suas próprias mãos, objeto dos mais complexos métodos de seleção artificial e de exercícios psicofísicos”.
“O homem irá se esforçar”, continua Trotsky, “para dirigir seus próprios sentimentos, elevar seus instintos ao plano do consciente e torná-los límpidos, para orientar sua vontade nas trevas do inconsciente. Irá atingir assim um estágio mais elevado da existência e criará um tipo biológico e social superior, um super-homem, se isso lhe agrada”.
É claro, Trotsky foi incapaz de provocar essa mudança em seu velho amigo Josef Stalin, que eventualmente encomendou o assassinato de seu camarada com uma picareta de gelo enquanto Trotsky estava vivendo exilado no México.
Como Henry Ford disse sobre a história, o projeto de reengenharia humana imaginado por visionários imaturos, como Rousseau, Engels e Marx, e por seus filhos filosóficos sanguinários, como Hitler, Mao, Pol Pot, et al, é absurdo. Condicionamento externo, até mesmo a partir do início da vida, pode amenizar nossa concupiscência, mas não pode apagá-la completamente nem mudar nossa natureza fundamental.
Em sua obra fundamental, “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”, Friedrich Engels se mostrou tão otimista com o fato de que o comunismo iria produzir uma sociedade de paz e prosperidade que projetou seu futuro da seguinte forma: “Sem soldados, policiais, nobreza, reis, governadores, prefeitos ou juízes, sem cárceres ou processos, tudo caminha com regularidade. Todas as querelas, todos os conflitos são resolvidos pela coletividade a que concernem...”
Qual é o testemunho dos últimos 100 anos de comunismo? Sangue, mortes, assassinatos, opressão, violência. Talvez a ex-União Soviética precisasse de mais tempo, hein, Friedrich?
Alguns romancistas parecem ter um melhor entendimento da natureza humana do que os teóricos políticos. Há inúmeras estórias antiutópicas sobre sociedades em que uma coletividade entorpecida goza de uma serenidade relativamente próspera sem curiosidade, individualismo ou liberdade. São estórias de alerta: Podemos potencialmente tomar medicamentos que entorpecem os nossos defeitos mais óbvios e nos tornem lânguidos e emocionalmente letárgicos, mas nenhuma droga pode alterar nosso verdadeiro ser.
Desde o Código de Hamurabi até o Código de Justiça Militar, o homem busca se proteger dos seus piores excessos. Isso é algo bom: os Dez Mandamentos da Bíblia são guias maravilhosos para o comportamento humano.
Mas, conforme Jesus ensinou, internalizar a lei revela a verdadeira personalidade do homem. O ódio, ensina Jesus, é uma forma de homicídio, e a lascívia é um tipo de adultério. Existem padrões que mortal nenhum consegue alcançar, razão pela qual os cristãos confiam inteiramente na graça salvadora de Cristo.
No entanto, nossa paixão babélica pela autotransformação segue em frente. Mais recentemente, Hugo Chávez, o falecido líder político da Venezuela, proclamou que “Aqueles entre nós que querem construir o paraíso na Terra devem seguir o socialismo”. É mesmo? De acordo com o relatório mais recente sobre a Venezuela do Departamento de Estado dos EUA, “Os principais abusos de direitos humanos relatados durante o ano incluem corrupção, ineficiência e politização do sistema judiciário; ações do governo para impedir a liberdade de expressão; e condições carcerárias duras e perigosas. O governo não respeitou a independência judicial, nem permitiu aos juízes agir de acordo com a lei por medo de retaliação”.
“O governo utilizou o judiciário para intimidar e processar seletivamente líderes políticos, sindicais, empresariais e da sociedade civil que criticaram as políticas e ações do governo”, continua. “O governo perturbou e intimidou canais de televisão privados, agências de mídia e jornalistas ao longo do ano, utilizando ameaças, multas, apreensão de bens, leis dirigidas propositadamente contra certos grupos e pessoas, investigações e processos criminais. A recusa em garantir os direitos ao devido processo legal, à segurança física e a condições humanas para a população carcerária contribuíram para a violência generalizada, rebeliões, mortes e pessoas feridas nas prisões”.
É notável que o socialismo, o comunismo, o fascismo, o culto imperial e todas as outras formas de totalitarismo substituem Deus e elevam o estado à Sua posição de autoridade primária e central. Invariavelmente, portanto, elas levam à destruição da liberdade, à estagnação econômica, quando não seu colapso, e à concentração de poder nas mãos daqueles poucos que confiscaram a autoridade e se tornaram “mais iguais que outros”. A razão disso é que o poder, o materialismo e a autoridade divina, no fim das contas, são irresistíveis aos irredimíveis filhos e filhas de Adão, ou pelo menos àqueles que não estão sujeitados à lealdade ao que acreditam ser um poder superior.
Esses “ismos” também argumentam que o homem e a mulher podem trabalhar de todo coração pelo “bem comum”, tão intensamente quanto o fazem por sua família e seus entes queridos. Isso impõe sobre o homem a qualidade de onibenevolência, ou a capacidade de amar a todos com igual intensidade.
Somente Deus é infinito, e é por isso que ele instituiu a família e as amizades interpessoais: para permitir pessoas finitas e falíveis que ainda carregam Sua imagem amem e cuidem umas das outras em grupos pequenos, conhecidos e íntimos. Por exemplo, ninguém ama qualquer criança mais que a sua própria; essa é uma característica inerradicável da natureza humana. Quaisquer tentativas de mudar isso são práticas fúteis de auto-usurpação.
Somente Cristo pode transformar o que Paulo chama de “o âmago do vosso ser”. O Estado, ao operar conforme intencionava, é um meio de se alcançar a ordem, a restrição à conduta criminosa e a liberdade humana (Rom. 13:1-7), mas nunca de transformação interna. Esquecemos essa distinção por nossa conta e risco.
Traduzido por Luis Gustavo Gentil do original do Charisma News: Transformation Through Christ, Not the State
Fonte: www.juliosevero.com
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