David d’Escoto
Nos anos 90 surgiu uma moda de curta duração entre os cristãos de usar pulseiras marcadas com a sigla “WWJD” (O que Jesus faria). Essa nova moda fez com que as pessoas falassem sobre Jesus Cristo e sobre como o cristão deveria realmente tentar se espelhar em Jesus em todas as áreas de suas vidas.
A Bíblia nos ensina: “aquele que diz estar nele [Jesus], também deve andar como ele andou.” (1 João 2:6), e “Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo” (1 Coríntios 11:1). O pastor João Calvino, que viveu no século XVI, se referia a Jesus como o “Grande Exemplo” que todos os cristãos deveriam seguir. Jesus nos serviu imensamente de modelo durante a sua missão na Terra. Por exemplo, Ele nos ensinou orar, lidar com as tentações, a pregar a verdade em amor, a enfrentar o mal e a efetivamente treinar e disciplinar os outros.
Os pais cristãos deveriam olhar para a vida de Jesus como um exemplo perfeito de como os pais deveriam treinar, ensinar e amar seus próprios discípulos: seus filhos. É interessante notar que houve ocasiões em que Jesus chamou publicamente Seus discípulos de “filhos” (Marcos 10:24). O estudioso bíblico do século XVIII John Gill notou que “era comum entre os judeus chamar [seus] discípulos... ‘filhos’” Ao ler os evangelhos, temos uma íntima visão de como Jesus disciplinou e amou Seus “filhos”.
Podemos ver três pontos principais no método de Jesus de discipular: ensinamento, aconselhamento e investimento de tempo.
Ensinamento — Jesus é o supremo “Bom Mestre” (Lucas 18:18). Ele ensinou Seus discípulos diariamente (Lucas 19:47); Ele viajava por toda a região com Seus discípulos, que O viam ensinar outros (Lucas 23:5); outros líderes religiosos reconheciam que Jesus era um Mestre vindo de Deus (João 3:2); os apóstolos de Jesus reconheceram que Seus ensinamentos eram as palavras da vida eterna (João 6:68); o próprio Jesus afirmava que Ele era Senhor e Mestre (João 13:14); e mesmo imediatamente depois que Jesus ressuscitou fisicamente, alguns de Seus seguidores continuaram chamando-o de Mestre (João 20:16).
Aconselhamento — Os ensinamentos de Jesus eram mais do que simplesmente falar e passar adiante a “sabedoria da mente”. Ele viveu uma vida para todos verem e seguirem. Seus discípulos frequentemente O viram se afastar e orar sozinho, o que os levou a perguntar como eles próprios deveriam orar (Lucas 11:1). Seus apóstolos viram Jesus curar os doentes, expulsar demônios, reviver mortos e pregar o evangelho. Mais tarde, depois de anos derramando Sua vida sobre eles, Jesus então confidencialmente os mandou para a “Grande Comissão” (Mateus 28:16-20).
Investimento de tempo — Os discípulos não tiveram uma única aula com Jesus, nem passaram um único semestre fazendo treinamento com Jesus; ao invés disso, passaram cerca de três anos e meio com Ele, sem férias e sem feriados. Era um “curso” de 24 horas, 365 dias por ano, ministrado pelo maior Mestre que este mundo já conheceu. Ele sabia que é preciso dedicar um longo tempo de convívio com as pessoas para realmente causar um forte impacto nas suas vidas. O Dr. John MacArthur destaca em seu livro “Twelve Ordinary Men” “[Os discípulos] poderiam escutar Seus ensinamentos, fazer perguntas, ver como ele lidava com as pessoas e usufruir de uma amizade próxima com Ele em todo tipo de situação. ... Ele os encorajava com diligência, corrigia com amor e instruía com paciência. É assim que a melhor qualidade de aprendizado sempre ocorre. Não é simplesmente informação passada adiante; é uma vida investida no outro”.
Jesus, o maior dos mestres, certamente ensinou Seus discípulos formalmente, mas eles também compartilharam experiências de vida, viagens e o partir do pão juntos durante alguns anos. Ele os aconselhou, deu exemplo de como verdadeiramente andar com Deus e por fim os treinou para se lançarem no mundo pela Sua glória. Ele os encorajou, disciplinou, repreendeu e amou. Jesus investiu Sua vida na dos seus discípulos, e obviamente não deixou seus “filhos” aos cuidados de outras pessoas para educá-los, mas os “guardava” e “conservava” (João 17:12) até que fosse a hora de soltá-los no mundo.
Em um sentido bem real, Jesus usou a educação escolar em casa com os Seus apóstolos. A educação escolar em casa cristã se parece muito com a maneira como Jesus treinou seus apóstolos, e esses “filhos” um dia foram “transformar o mundo” (Atos 17:6)!
Hoje em dia muitos pais cristãos estão acordando para o fato de que ninguém pode treinar e discipular melhor os seus filhos do que eles próprios. Assim como Jesus Cristo, a maioria dos pais cristãos que educam seus filhos em casa ensina, aconselha e passa longas horas com os filhos, literalmente derramando suas vidas na deles ao invés de delegar a pessoas estranhas a educação de seus preciosos filhos.
Jesus nos ensina que treinamento e discipulado realmente efetivos são feitos um-a-um, e requerem muito tempo e sacrifício. Estudos recentes provam que o estilo de ensinar de Jesus é com folga o método mais eficaz, e seus resultados positivos são a maior prova. A pesquisa do Dr. Brian Ray com milhares de pessoas que foram educadas em casa e que agora são adultos mostra que menos de 4% dos jovens no primeiro ano de faculdade que foram educados em casa havia renegado sua fé. Isso é praticamente o oposto de todas as pesquisas preocupantes mostrando que aproximadamente 90% das crianças de famílias cristãs já abandonaram a igreja aos 18 anos. Que diferença que não faz o discipulado divino!
Isso derruba completamente as alegações do sal e da luz que muitos pais cristãos desinformados usam como desculpa para manter seus filhos em escolas públicas. A imensa maioria das crianças de lares cristãos está sendo convertida a uma visão de mundo antibíblica no sistema de educação pública.
A noção falsa e perigosa de que o sistema público de educação é na verdade “neutro” deve ser silenciada pela pesquisa extensa que mostra que as escolas estatais estão inculcando em 9 entre 10 crianças o pensamento marxista-leninista. O Dr. R.C. Sproul nos lembra: “A educação neutra não existe. Todo currículo escolar tem uma visão de mundo predominante por trás e pelo meio”. O currículo escolar das nossas escolas públicas está longe de ser neutro.
Pais, aprendamos com o Mestre e aceitemos com obediência o Seu modelo e Seu método para treinar os discípulos que Deus colocou sob nossos tetos. Quando Jesus ensinou aos seus discípulos mais próximos, eles frequentemente se sentavam aos Seus pés (Lucas 10:39). Em se tratando de criar filhos, o ensino que transforma de maneira mais eficaz e positiva acontece aos nossos próprios pés. Ao mandá-los para longe 180 dias do ano, outra pessoa assume o privilégio de ensinar, dar exemplo e investir cerca de 1.100 horas por ano na vida dos nossos filhos.
Jesus sabia que a melhor maneira de ensinar os Seus “filhos” para se transformar no que Ele queria era vivendo com eles, amando-os, sacrificando-se por eles, dando exemplo da vida divina e investir sua própria vida na deles. Tudo isso acontece no contexto da família. As palavras do Dr. Voddie Bauchmam nos ajudam a lembrar desse fato: “A instituição idealizada por Deus foi a família — não o grupo de jovens, nem o ministério de crianças, nem a escola cristã, mas sua família — como o principal agente de discipulado na vida dos seus filhos.”
A questão não é o que Jesus faria com os Seus “filhos”? Mas o que Ele fez de fato? Ele os deu uma educação escolar em casa.
David d’Escoto é pastor presbiteriano e cofundador do livro “The Little Book of Big Reasons to Homeschool”. Ele e sua esposa Kim ensinam seus 6 filhos em casa há mais de 13 anos.
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