Há mulheres que dizem:
Meu marido se quiser pescar, pesque.
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto
Ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha
de vez em quando os cotovelos se esbarram
ele diz coisas do tipo: "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos pela primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Texto extraído do livro "Adélia Prado: Poesia Reunida".
Ed Siciliano, SP: 1991, pag 252.
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Somos de um tempo de ida, de conquista de espaço, de abertura de mente. Mas é fato que a maturidade chega de mansinho num tempo de volta, volta à verdade bíblica, volta à verdadeira feminilidade que retorna pra casa, onde se formam os valores e as virtudes.
Que possamos ter uma boa viagem!
Que possamos ter uma boa viagem!
sábado, 24 de julho de 2010
"Casamento" de Adélia Prado
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