Joyce E. W. Every-Clayton
08/10/2012
Você gosta de dar palpites? De receber conselhos? Dificilmente nossa resposta a estas perguntas é negativa! E Jó? O que diria ele?
Em sua peregrinação pelos caminhos dolorosos e tortuosos da vida, este herói bíblico teve a companhia de alguns amigos mais do que dispostos a dar palpites que Jó tinha que engolir, gostasse ou não dos conselhos proferidos.
Elifaz, Bildade e Zofar falavam e falavam. Entre mini-tratados teológicos, acusações abertas, meia-verdades, chavões, dicas quanto a como e quando arrepender-se e assim por diante, eles tinham respostas para todos os problemas do colega. Até que, um belo dia, Jó bateu o pé e gritou CHEGA! Jó respondeu: ´Sem dúvida, vocês são o povo, e a sabedoria morrerá com vocês´ (Jó 12.1-2).
Claro que ele está ironizando, como quem diz: “Puxa, vocês são tão sábios que eu temo que a própria sabedoria morra de vez quando vocês morrerem!”
***Paremos um pouco para refletir. Todos passam por problemas; todos precisam de encorajamento, correção e conselhos; e todos aqueles que conhecem a Cristo como Salvador têm o Espírito Santo que orienta quanto àquilo que deveríamos falar a tais pessoas. O nó da questão é: Qual a minha atitude ao me colocar perante alguém que está sofrendo, a fim de dar-lhe conselhos?
Pelo jeito, os amigos de Jó o tratavam com desdém, pois ele teve que insistir: ´Eu tenho a mesma capacidade de pensar que vocês têm; não sou inferior a vocês´ (12.3). Para dizer a verdade, os três nem paciência tiveram para escutar o que Jó tinha a dizer. Pior ainda, Jó percebeu neles uma atitude desastrosa numa hora destas: ´Quem está bem despreza a desgraça, o destino daqueles cujos pés escorregam´ (12.5).
***Paremos um pouco para refletir. Como é fácil – natural até? – se alegrar com os que choram, em vez de chorar com eles (cp Rm 12.15)! Claro que tentamos camuflar palavras e sorrisos, mas, no fundo, nos achamos superiores aos coitados que estão sendo provados por um Deus que, pelo jeito, não gosta deles. Seria esta uma atitude cristã?
Eles chegaram a suas conclusões sem conhecer o Jó que desabafou: ´Tornei-me objeto de riso para os meus amigos, logo eu, que clamava a Deus, e ele me respondia, eu, íntegro e irrepreensível, um mero objeto de riso!´ (12.4) Jó realmente não entendeu os caminhos de Deus com ele, mas sabia, sim, que estava em comunhão com seu Deus, que sua vida estava em Suas mãos (12.10), e que Deus lhe respondia às orações, pelo menos antes da crise. Ao mesmo tempo, ele percebeu que, em seu íntimo, seus amigos riam dele e de sua dor.
***Paremos um pouco para refletir. Quem sofre sente. Sente a dor que passa, e sente a superficialidade irrelevante de quem não entende que, vez por outra, se sofre injustamente.
A fé de Jó não era simplista, mas uma fé examinada, questionada até as últimas consequências, ainda que, em plena crise, tenha confessado: ´Mesmo que eu o chamasse e ele me respondesse, não creio que me daria ouvidos´ (9.16).
*** É claro que Deus ouviu seu servo. Aliás, é sempre maravilhoso conhecer o fim feliz de uma crise qualquer que seja! O desafio é passar pela crise com integridade de alma e mente, sobreviver, a ainda louvar a Deus de todo coração! E quando se vê ao lado de quem passa por momentos destes, o desafio é se colocar no lugar do outro, e com humildade e amor, ouvir e ouvir e ouvir!
Fonte: www.vinacc.com.br
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