Era uma vez uma semente.
No bico do passarinho era sustento, na vassoura da vovó era sujeira. No pescoço da mocinha era miçanga, colorida, quem diria, que talento pro artesanato não?
Mas era preciso mais que talento.
A semente só precisava de um terreno. É, um pouquinho de terra. Solo fértil. Calma, a exigência não é tão grande. Você precisa estar afim. Fértil pode não ser a palavra que te descreva, mas você está afim?
Se você está, deixa. Deixa Ele te arar, te preparar. Quando abrir os sulcos, vai doer, mas deixa. Te garanto que vale a pena.
Se eu disser que depois de um tempo nascerá uma bela flor, você vai querer na hora, certo? Antes de me perguntar se a flor vai ser roxa, eu preciso te revelar algo.
Talvez depois de saber disso você desista.
Mas é que essa semente, não é de comer, é de arriscar. Não é pra você, é pra se doar. Plantar mais fundo, regar um pouco mais. Sim, você vai ter de regar. Na seca, acreditar. Na tempestade, chorar junto com os céus. Regar um pouco mais. Não ver nada. Pensar em desistir. Regar. Escolher amar. Ficar sozinha com o vento. Enxugar o suor da testa. Olhar pra cima, pedir paciência. Ficar com sono, pedir milagre.
Pediu errado. Nem paciência, nem milagre, você precisava de amor.
E de repente, graciosa como sorriso de bebê, uma folhinha deu as caras, e em pouco tempo lá estava a flor. O amor. Você precisava de amor.
A desesperança nem mandou lembrança, ficou no passado, morreu. E nem o passarinho, nem a vovó, nem a moça diriam que a sementinha chegaria tão longe, tão fundo.
Foi pro fundo, no seu coração.
Fonte: naomordaamaca.com
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